José Paz Rodrigues (*) - O psicopedagogo suíço Jean Piaget
(1896-1980) é valorizado como um dos mais originais e fecundos psicólogos do
século XX, embora ele se considerasse antes de nada como um epistemólogo. Na
sua dilatada e completíssima obra trata de averiguar como se constrói o
conhecimento e de explicar o desenvolvimento da inteligência humana.
A sua
conceção construtivista fundamenta-se na interação entre as ideias prévias das
pessoas e a sua atividade transformadora do meio, através do desenvolvimento da
atividade infantil e da formação de um juízo autónomo. As suas teorias tiveram
um grande impacto na educação escolar contemporânea e os seus livros foram
amplamente difundidos por todo o mundo. Só na nossa língua foram publicados da
sua autoria, e alguns em colaboração com outros autores, uns 55 manuais e
monografias, todos muito interessantes, por ser também produto na sua
totalidade das suas pesquisas e investigações de tipo experimental. Todos
consideramos o trabalho de Piaget como pioneiro no campo da inteligência das
crianças. Passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com
crianças e estudando o seu processo de raciocínio. Os seus estudos, tal como
antes comentei, tiveram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e da
Pedagogia.
Piaget
dedicou-se por completo ao estudo dos conhecimentos científicos. Durante toda a
sua longa vida tentou indagar como se produzem novos conhecimentos e, ao mesmo
tempo, explicar o desenvolvimento da inteligência humana. Embora escrevesse
algumas obras relacionadas diretamente com a pedagogia, e tivesse uma
participação muito ativa em organizações relacionadas com a educação, sendo
diretor durante muitos anos do Bureau Internacional de Educação (IBE) em
Genebra, ou na UNESCO, as suas contribuições mais importantes à educação estão
relacionadas sobretudo com o seu trabalho como investigador da mente humana. É
inegável que as suas contribuições teóricas têm, e podem ter, uma incidência
enorme na tarefa educativa e na didática das aulas, pelo que se torna adequado
inclui-lo entre os autores que realizaram contributos significativos à
educação. Ao igual que Rousseau, Montessori, Decroly, Claparède e Dewey, que
não eram pedagogos em sentido estrito. O que Piaget pretende na escola é
contribuir para o desenvolvimento dos indivíduos, socializá-los de forma
metódica, facilitar-lhes que adquiram conhecimentos e valores, que desenvolvam
a sua inteligência e que cheguem a converter-se em adultos autónomos. De todos
estes assuntos se ocupou Piaget nas suas pesquisas experimentais.
Definitivamente,
o que nos oferece o psicopedagogo genebrino é uma visão do ser humano como um
organismo que, ao agir sobre o meio e modificá-lo, modifica-se também a si
próprio. Piaget considera o desenvolvimento da inteligência e a formação dos
conhecimentos, processos que entende como indissociáveis, como um produto que
se inicia na atividade biológica dos seres humanos e na sua capacidade de
adaptação ao meio. A construção da inteligência para ele é um processo que
segue as mesmas leis de funcionamento que permitem aos seres vivos manter-se em
equilíbrio com o seu meio e sobreviver. Considera, pois, que o conhecimento se
origina na ação transformadora da realidade, seja material ou mentalmente. As
suas teorias, resultado de múltiplas pesquisas e experiências, contradizem as
posições tradicionais sobre este tema mantidas ao longo da história, como o
empirismo e o inatismo. A teoria piagetiana surge num determinado momento muito
importante para as reformas educativas. No momento em que se estão a dar
grandes mudanças no campo da educação, que se vinham gerando desde finais do
século XIX. Com uma rejeição do modelo da escola tradicional, centrada na
transmissão puramente verbal e que proporciona uns conhecimentos de escassa
utilidade aos alunos. Frente a isto nasce um movimento pedagógico que apostava
por um ensino mais ativo, que partisse dos interesses dos alunos e que servisse
para a vida. Muitas correntes de diferentes países vêm a confluir sobre os
mesmos interesses e fundamentos. Embora com algumas diferenças e divergências,
existe uma coincidência fundamental numa série de pontos entre autores e
educadores muito distintos. Em todos deixava-se sentir profundamente a
necessidade de uma escola que preparasse para a vida e mais integrada com a realidade.
Tratava-se
sobretudo de ideias que se originavam na prática, mas que tinham um escasso
fundamento teórico. Por isto, precisamente, a teoria de Piaget, que se
desenvolve na cidade de Genebra, um dos mais importantes centros da pedagogia
ativa, vem proporcionar esse fundamento teórico necessário, ao explicar como se
formam os conhecimentos e o significado psicológico de muitas das práticas que
estava propondo a escola ativa. E como aquela formação dos mesmos é diferente
nas etapas pelas que vai passando a criança até chegar a adulto. Etapas que
Piaget denominava estágios, que muito bem estudou e experimentou, que tanta
importância têm para ter em conta nas aulas segundo as idades dos alunos,
desenvolvendo a adequada didática em cada momento evolutivo da escolaridade.
Com
roteiro e apresentação de Yves de La Taille, Atta Mídia e Educação do Brasil,
realizou um interessante filme-documentário em 2006, dedicado a Jean Piaget,
objeto do presente comentário num novo artigo da série dedicada aos grandes educadores
do mundo.
Piaget,
um grande psicopedagogo:
Jean William Fritz Piaget nasceu em Neuchâtel a 9 de agosto de
1896 e faleceu em Genebra a16 de setembro de 1980. Foi um epistemólogo suíço,
considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Defendeu uma
abordagem interdisciplinar para a investigação epistemológica e fundou a
Epistemologia Genética, teoria do conhecimento com base no estudo da génese
psicológica do pensamento humano. Estudou inicialmente biologia na Universidade
de Neuchâtel onde concluiu o seu doutorado, e posteriormente se dedicou à área
de Psicologia, Epistemologia e Educação. Foi professor de psicologia na
Universidade de Genebra de 1929 a 1954, e tornou-se mundialmente reconhecido
pela sua revolução epistemológica. Durante sua vida Piaget escreveu mais de
cinquenta livros e diversas centenas de artigos.
Em 1919, viaja para Paris e
começa a trabalhar no Instituto Jean-Jacques Rousseau, quando publica os
primeiros artigos sobre a criança. O nascimento dos seus filhos (1925-1931)
amplia o convívio diário com a "criança pequena" e possibilita o
registo de observações que geram novas hipóteses sobre as origens da cognição
humana. Durante a sua estadia em Paris, Piaget conhece Théodore Simon, que o
convida a padronizar os "testes de raciocínio de Cyril Burt, desenvolvidos
nos Estados Unidos, experiência que lhe permitiu delimitar um campo de estudos
empíricos: o pensamento infantil e o raciocínio lógico. Como resultado desse
trabalho, Piaget é convidado para o cargo de coordenador de pesquisas do
Instituto, função que inclui a "Maison des Petits" (Casa das
crianças).
Na
filosofia de Bergson busca um caminho possível para o conhecimento científico e
a análise crítica da origem do conhecimento e descobre a epistemologia. Num
contexto de guerra (1915), Piaget conclui os estudos secundários, ingressa na
Faculdade de Ciências da Universidade de Neuchâtel e publica A
Missão da Ideia.Filia-se à Federação Socialista Cristã, em 1917. Em
1918, obtém o bacharelado em ciências naturais para, em seguida, finalizar a
sua tese: Introdução à Malacologia da Região do
Valais.
As suas
primeiras pesquisas em psicologia, como coordenador do Instituto Jean-Jacques
Rousseau, resultam num ciclo de cinco publicações: A
linguagem e o pensamento na criança (1923); O
raciocínio da criança (1924); A representação do mundo na criança
(1926); A causalidade física na criança (1927) e O julgamento moral na criança (1931). Esta fase, sobretudo por apresentar a
criança como sujeito da razão, "ainda que de uma razão própria",
desperta interesse de estudiosos e Piaget é convidado para expor as suas ideias
em universidades europeias e norte-americanas. Logo a seguir, Piaget participa
de um Congresso Internacional de Psicanálise, em Berlim, com um trabalho sobre "o
pensamento simbólico infantil". Com o livro A
linguagem e o pensamento na criança Piaget apresenta um quadro do processo
de aprendizado infantil. Qualificada como uma “coletânea de estudos
preliminares”, tornou-se o início de uma obra influente sobre o desenvolvimento
humano.
Além das
suas pesquisas, Piaget mantém atividades como professor e assume as cadeiras de
"Filosofia da Ciência, de Psicologia e de Sociologia" na Universidade
de Neuchâtel. Em 1929, assume também a cadeira de "História do Pensamento
Científico", e continua ensinando "Psicologia da Criança" no
Instituto Jean-Jacques Rousseau. É também nesse ano que Piaget assume a direção
do Bureau International de L'Education, vinculado à Unesco. A década de 1920 é
representativa, também, na vida pessoal de Piaget. Em 1924, casa-se com
Valentine Châtenay, com quem tem três filhos: Jacqueline (1925), Lucienne
(1927) e Laurent (1931). São significativas as suas seguintes frases: "O
principal objetivo da educação é criar indivíduos capazes de fazer cousas novas
e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram".
"As
estruturas operatórias da inteligência não são inatas" e "O professor não ensina, mas
arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas".
Entre as
obras de Piaget publicadas na nossa língua, de interesse para mestres e
mestras, quero destacar as seguintes: A Linguagem e o Pensamento na Criança
(1923). O Juízo e o Raciocínio na Criança (1924). A representação do mundo na
criança (1926). A causalidade física na criança (1927). O julgamento moral na
criança (1931). O desenvolvimento das quantidades físicas (1941). A gênese do
número (1941). A noção de tempo na criança (1946). A geometria espontânea na
criança (1948). A representação do espaço na criança (1948). A gênese das
estruturas lógicas elementares (1959). Da lógica da criança à lógica do
adolescente (1955).
O modelo construtivista piagetiano:
O Construtivismo parte da crença de que o saber não é algo que
está concluído, terminado, e sim um processo em incessante construção e
criação. Assim, o conhecimento é um edifício erguido por meio da ação, da
elaboração e da geração de um aprendizado que é produto da conexão do ser com o
contexto material e social em que vive, com os símbolos produzidos pelo
indivíduo e o universo das interações vivenciadas na sociedade. Esta construção
é realizada através da ação e não por dons concedidos anteriormente ao sujeito,
presentes na constituição dos genes ou no ambiente em que ele cresceu. Assim,
este método pressupõe que é a partir da atitude que se instituem a mente e a
consciência, assim como os nossos pensamentos. O método construtivista
fundamenta-se na escrita, pois acredita que o aluno tem condições de se
alfabetizar sem a ajuda de cartilhas e mecanismos que o induzem a decorar,
repetir mecanicamente, declamar, transmitir e aprender o que já está acabado.
Parte-se da ideia de que a criança, antes mesmo de ser alfabetizada no ambiente
escolar, já descobriu como funciona o processo de aprendizado do alfabeto,
como, por exemplo, ler do lado esquerdo para o direito. A corrente em questão
pressupõe, assim, que se o aprendiz estiver mergulhado em um meio que lhe
proporcione e lhe motive a aquisição da alfabetização, ele poderá realizar este
intento por si mesmo. Conclui-se daí que o estudante pode construir o seu
conhecimento, atuando, executando, gestando, edificando este saber a partir do
ambiente social em que vive e da relação com os professores.
O
construtivismo educacional é fruto da união das correntes pedagógicas mais
recentes, uma versão estendida destes métodos, sendo Piaget, com as suas
pesquisas, o iniciador do modelo. Eles compartilham entre si o descontentamento
com uma esfera educacional que insiste em preservar o viés ideológico que
permeia as escolas tradicionais, as quais continuam recorrendo aos instrumentos
do aprendizado mecanizado, que obriga os alunos a decorarem e repetirem como
autómatas o conhecimento que lhes é transmitido. A educação, neste modelo, é
tecida em conjunto por alunos e professores, frente aos exercícios da leitura e
da escrita, exaustivamente praticados nas aulas. Assim, mestres e aprendizes
atuam juntos na construção do conhecimento, assessorados pela incidência da
problemática social mais atual e pelo arsenal de saberes já edificados, património
intransferível do ser humano. A metodologia construtivista conduz, assim, a uma
nova visão de mundo, seja ele o Cosmos ou o universo das interações sociais.
Piaget foi, sem dúvida, um dos teóricos mais significativos deste modelo,
acreditava no potencial da criança, no que ela traz em si enquanto herança da
sua própria ação e do seu comportamento, o poder nela interiorizado de absorver
as informações obtidas do mundo exterior e acomodá-las, isto é, alterar a sua
forma, para que assim ela possa entender a realidade na qual está inserida.
Basicamente, o saber é sempre produzido pelo ato de construção, o qual deve
sempre ser estimulado no aluno.
Adaptar a didática aos estágios piagetianos:
Através
da minuciosa observação dos seus filhos e principalmente de outras crianças,
Piaget impulsionou a sua Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro
estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: o estágio sensório-motor,
pré-operacional ou pré-operatório (simbólico e intuitivo), operatório concreto
e operatório formal. Piaget influenciou a educação de maneira profunda. Para
ele as crianças só podiam aprender o que estavam preparadas a assimilar. Aos
professores, cabia aperfeiçoar o processo de descoberta dos alunos. Seguindo a
Piaget há que adaptar a Didática e os métodos de ensino nas aulas às diferentes
peculiaridades dos estágios antes citados. Tendo sempre presente, tal como
sinala na sua obra
O Nascimento da Inteligência na Criança, que "as relações entre o sujeito e o
seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não
começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por
um estado diferenciado; e é desse estado que derivam dous movimentos
complementares, um de incorporação das cousas ao sujeito, o outro de acomodação
às próprias cousas" .
Neste
pequeno parágrafo Piaget define três conceitos fundamentais para a sua teoria:
interação, assimilação e acomodação, três fases sucessivas pelas que o sujeito
passa ao adquirir novos conhecimentos.
O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período intrauterino e
vai até aos 15 ou 16 anos. Piaget diz que a embriologia humana evolui também
após o nascimento, criando estruturas cada vez mais complexas. A construção da
inteligência dá-se portanto em etapas sucessivas, com complexidades crescentes,
encadeadas umas às outras. A isto Piaget chamou de “construtivismo
sequencial”.
A seguir
os períodos ou estágios em que se dá este desenvolvimento motor, verbal e
mental:
A. Período ou Estágio Sensório-Motor: Do
nascimento aos 2 anos, aproximadamente.
A ausência da função semiótica é a principal caraterística deste
período. A inteligência trabalha através das perceções (simbólico) e das ações
(motor) através dos deslocamentos do próprio corpo. É uma inteligência
iminentemente prática. A sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à
palavra-frase ("água" para dizer que quer beber água) já que
não representa mentalmente o objeto e as ações. A sua conduta social, neste
período, é de isolamento e indiferenciação (o mundo é ele).
B. Período ou Estágio Pré-Operatório: a) Subperíodo Simbólico: Dos 2 anos aos 4
anos, aproximadamente. Nesta primeira etapa surge a função semiótica que
permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização,
etc.. Podendo criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o
momento da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de
formar imagens mentais pode transformar o objeto numa satisfação do seu prazer
(uma caixa de fósforo em carrinho, por exemplo). É também o momento em que o
indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos ("o carro do papai foi 'dormir'
na garagem"). A linguagem está a nível de monólogo coletivo, ou seja,
todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. Duas
crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro
está dizendo. A sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do
coletivo. Não há liderança e os pares são constantemente trocados.
Existem
outras características do pensamento simbólico que não estão sendo mencionadas
aqui, uma vez que a proposta é de sintetizar as ideias de Jean Piaget, como por
exemplo o nominalismo (dar nomes às cousas das quais não sabe o nome ainda),
superdeterminação (“teimosia”), egocentrismo (tudo é “meu”), etc.
b)
Subperíodo Intuitivo: Dos 4 anos aos 7 anos, aproximadamente.
Nesta
segunda etapa já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É a “idade dos
porquês”, pois o indivíduo pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real,
podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. O seu pensamento continua
centrado no seu próprio ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e
conjuntos sem no entanto incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (rosas
no conjunto de flores, por exemplo). Quanto à linguagem não mantém uma
conversação longa mas já é capaz de adaptar a sua resposta às palavras do
companheiro.
C.- Período ou Estágio Operatório Concreto: Dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente.
É o
período em que o indivíduo consolida as conservações de número, substância,
volume e peso. Já é capaz de ordenar elementos pelo seu tamanho (grandeza),
incluindo conjuntos, organizando então o mundo de forma lógica ou operatória. A
sua organização social é a de bando, podendo participar de grupos maiores,
chefiando e admitindo a chefia. Já podem compreender regras, sendo fiéis a ela,
e estabelecer compromissos. A conversação torna-se possível (já é uma linguagem
socializada), sem que no entanto possam discutir diferentes pontos de vista
para que cheguem a uma conclusão comum.
D.- Período ou Estágio Operatório Abstrato: Dos 11 anos em diante.
É o ápice
do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético-dedutivo
ou lógico-matemático. É quando o indivíduo está apto para calcular uma
probabilidade, libertando-se do concreto em proveito de interesses orientados
para o futuro. É, finalmente, a “abertura para todos os possíveis”. A partir
desta estrutura de pensamento é possível a dialética, que permite que a
linguagem se dê a nível de discussão para se chegar a uma conclusão. A sua
organização grupal pode estabelecer relações de cooperação e reciprocidade.
A
importância de se definir os períodos ou estágios de desenvolvimento da
inteligência reside no facto de que, em cada um, o indivíduo adquire novos
conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de compreensão e interpretação
da realidade. A compreensão deste processo é fundamental para que os professores
possam também compreender com quem estão trabalhando. A obra de Jean Piaget não
oferece aos educadores uma didática específica sobre como desenvolver a
inteligência do aluno ou da criança. Piaget nos mostra que cada fase de
desenvolvimento apresenta caraterísticas e possibilidades de crescimento da
maturação ou de aquisições. O conhecimento destas possibilidades faz com que os
professores possam oferecer estímulos adequados a um maior desenvolvimento do
indivíduo.
Temas para refletir e realizar:
Depois de ver o documentário, organizar um debate-papo ou
tertúlia, sobre os diferentes aspetos que sobre a figura de Jean Piaget
aparecem no mesmo. Refletir sobre o seu pensamento psicoeducativo e comentar,
dando alternativas concretas, sobre como se poderia pôr em prática hoje nas
nossas escolas a didática prática e a pedagogia construtivista. Poderia
pesquisar-se também na Internet sobre as experiências realizadas por Piaget em
Genebra, assim como sobre as suas interessantes e numerosas publicações.
Elaborar
uma monografia, procurando informações em livros e na Internet, sobre o
Construtivismo educativo, incluindo na mesma as experiências práticas de
escolas que funcionaram e funcionam seguindo o mesmo, especialmente dentro do
grande movimento pedagógico mundial que foi a Escola Nova, e nas escolas
atuais. Com fotos, textos, cartazes, retalhos de imprensa e materiais
elaborados, poderia organizar-se nas escolas uma magna exposição sobre este
modelo pedagógico, tão importante para a educação contemporânea.
Escolher entre as obras básicas, e de maior aplicação à Didática
nas aulas, escritas por Piaget, e citadas antes, uma para lê-la entre todos, e
depois de lida, organizar um “Livro-fórum” para comentá-la e debater sobre as
palavras, ideias educativas e propostas práticas que o psicopedagogo genebrino
faz na mesma.