terça-feira, 26 de novembro de 2013

Jean piaget

Uma breve biografia de Jean Piaget



Jean Piaget nasceu em Neuchâtel (Suíça) em 9 de agosto de 1896.Ele morreu em Genebra, em 16 de setembro de 1980. Ele era o filho mais velho de Arthur Piaget, professor de literatura medieval na Universidade, e de Rebecca Jackson. Aos 11 anos, enquanto ele era um aluno em Neuchâtel escola latina alta, ele escreveu um curto espaço de tempo em um pardal albino. Este breve artigo é geralmente considerado como o início de uma brilhante carreira científica feita de mais de 60 livros e centenas de artigos.
[Apenas um ponto]Seu interesse para moluscos foi desenvolvido durante a sua adolescência até o ponto que ele se tornou um malacólogo conhecido por terminar a escola. Ele publicou muitos trabalhos no campo, que permaneceram de interesse por ele ao longo de toda sua vida.
[Apenas um ponto]Após a formatura do ensino médio, estudou ciências naturais na Universidade de Neuchâtel, onde obteve um Ph.D. Durante este período, ele publicou dois ensaios filosóficos que ele considera como "trabalho a adolescência", mas foram importantes para a orientação geral do seu pensamento.


[Apenas um ponto]Depois de um semestre passado na Universidade de Zurique, onde ele desenvolveu um interesse para a psicanálise, ele deixou a Suíça para a França. Ele passou um ano trabalhando na Ecole de la rue de la Grange-aux-Belles instituição de garotos criados por Alfred Binet e dirigido por De Simon que tinha desenvolvido com Binet um teste para a mensuração da inteligência. Lá, ele Burt teste padronizado de
inteligência e fez seus primeiros estudos experimentais da mente crescente.
[Apenas um ponto]Em 1921, tornou-se diretor de estudos no J.-J. Rousseau Instituto em Genebra, a pedido de Sir Ed. Claparède e P. Bovet.
[Apenas um ponto]Em 1923, ele e Valentine Châtenay eram casados. O casal teve três filhos, Jacqueline, Lucienne e Laurent, cujo desenvolvimento intelectual da infância para a linguagem foi estudada por Piaget.


[Apenas um ponto]Sucessiva ou simultaneamente, Piaget ocupou várias cadeiras: psicologia, sociologia e história da ciência em Neuchâtel 1925-1929, a história do pensamento científico em Genebra, 1929-1939, o Bureau Internacional de Educação 1929-1967; psicologia e sociologia em Lausanne a partir de psicologia, sociologia em Genebra, 1939-1952, em seguida, genética e experimental 1940-1971; 1938-1951. Ele era, supostamente, o único suíço a ser convidado na Sorbonne 1952-1963.Em 1955, criou e dirigiu até sua morte o Centro Internacional de Epistemologia Genética.
[Apenas um ponto]Suas pesquisas em psicologia do desenvolvimento ea epistemologia genética tinham um único objetivo: como o conhecimento crescer? Sua resposta é que o crescimento do conhecimento é uma construção progressiva de estruturas logicamente incorporados a substituir uma outra por um processo de inclusão de menores menos poderosos meios lógicos para os maiores e mais poderosos até a idade adulta. Portanto, a lógica infantil e modos de pensar são inicialmente completamente diferente das dos adultos.
[Apenas um ponto]Obra de Piaget é conhecida em todo o mundo e ainda é uma inspiração em áreas como a psicologia, a sociologia, a educação, a epistemologia, economia e direito como testemunhado nos catálogos anuais do Jean Piaget Archives. Ele foi premiado com vários prêmios e títulos honoríficos em todo o mundo.

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Esquemas de ação de Piaget

O bebê explora, põe tudo na boca, descobre novos objetos. A menina brinca de casinha, o menino representa uma corrida com seus carrinhos de brinquedo. Um pouco mais tarde, ambos voltam a atenção às regras de conduta e moralidade. Já o adolescente, mais reflexivo, é capaz de construir argumentos para rebater os dos pais e planejar o próprio futuro. São formas diferentes de interagir com o mundo, que vão se tornando mais complexas à medida que o indivíduo cresce. Na obra de Jean Piaget (1896-1980), esses mecanismos recebem o nome de esquemas de ação e são considerados o motor do conhecimento. 

Há inúmeras possibilidades de esquemas de ação (leia um resumo do conceito na última página). Mamar, sugar, puxar e prender são esquemas comuns no desenvolvimento da inteligência sensório-motora (em média, até 2 anos de idade). Imitar, representar e classificar é típico da inteligência pré-operatória (aproximadamente de 3 a 7 anos), assim como ordenar, relacionar e abstrair caracteriza o período operatório-concreto (de 8 a 11 anos). Já argumentar, deduzir e inferir aparece na estruturação da inteligência operatória formal (a partir dos 12 anos). É com base nesses esquemas que as pessoas constroem as estruturas mentais que possibilitam o aprendizado (leia um trecho de livro sobre o assunto no quadro da próxima página). "Inicialmente, isso se dá com a experiência empírica, concreta. Em seguida, conforme a criança vai se desenvolvendo, ela caminha em direção ao pensamento formal, abstrato", explica Agnela da Silva Giusta, professora de Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). 

As pesquisas científicas de Piaget sobre as características do pensamento infantil receberam a contribuição de importantes acontecimentos em sua trajetória pessoal. Entre 1925 e 1931, nasceram seus três filhos, ponto de partida para uma etapa de observação de seus comportamentos. Após uma criteriosa análise dos dois primeiros anos de vida dos bebês, Piaget chegou à conclusão de que a inteligência se desenvolve desde o nascimento - e não com o surgimento da fala, como era comum pensar até o início do século 20. 

No livro A Epistemologia Genética, o pensador suíço divide o processo "dinâmico e infinito" do desenvolvimento da capacidade de conhecer em quatro períodos. No sensório-motor, que vai desde o nascimento até os 2 anos, a criança conhece o mundo por meio dos esquemas de ações que trabalham sensações e movimentos. Ao nascer, o bebê percebe o mundo como uma extensão do seu corpo. Ao desenvolver o esquema de sucção, por exemplo, o bebê começa a diferenciar o que é seio da mãe, o bico da mamadeira, a chupeta ou mesmo o dedo. Com o tempo, consegue identificar objetos que são sugáveis ou não. Um dos principais resultados desse período é a criança tomar consciência de si mesma e dos objetos que a cercam. "Esse processo é chamado por Piaget de construção do objeto permanente, ou descentração", explica Cilene Charkur, professora aposentada da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Araraquara. 

Nessa fase, mesmo antes de falar e pensar, a criança consegue realizar condutas consideradas lógicas, ligadas à ação sobre objetos concretos. Um bebê de 8 meses, por exemplo, pode afastar um brinquedo para pegar outro de seu interesse. "Nesse caso, ele coordena dois esquemas: um esquema meio (afastar) e outro esquema fim (pegar). Trata-se de uma integração recíproca entre duas ações e não só uma associação mecânica", afirma Adrian Oscar Dongo Montoya, professor da Unesp, campus de Marília.
Entre os legados do conceito, a importância da infância

TUDO EM FAMÍLIA O nascimento dos três filhos, retratados nesta foto de 1936,forneceu elementos à teoria
Um dos grandes legados da noção de esquemas de ação foi a compreensão da importância da primeira infância no desenvolvimento da inteligência. "O resultado disso é que há hoje em todo o mundo uma grande demanda por uma Educação Infantil de qualidade, que possibilite aos pequenos vivenciar, interagir, experimentar e, com isso, ampliar o desenvolvimento de suas possibilidades cognitivas", lembra Adrian. 

Isso não impediu que algumas nuances da ideia fossem mal interpretadas. O apego excessivo à faixa etária de cada período é um deles. "Muitos professores compreendem os estágios como uma forma congelada de classificação dos alunos, sem perceber que a indicação de idade é apenas uma aproximação e que as passagens de uma fase para outra dependem da qualidade das interações de cada um com o meio", explica Agnela.
 

Essa postura pode gerar dois problemas. O primeiro é considerar apenas o ensino do conteúdo sem notar os conhecimentos e as habilidades de que o aluno dispõe para compreendê-lo. No outro extremo, está o comportamento de ficar apenas focado no que o aluno consegue fazer e não atentar para ensinar outros conteúdos mais complexos. "Um bom trabalho deve congregar os dois pontos de vista: enxergar as potencialidades das crianças e também aonde se quer chegar, tendo claros os conteúdos que não devem ser deixados de ensinar", explica Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). O próprio Piaget refutava a ideia de que é necessário esperar passivamente que as estruturas mentais se formem. Ao contrário, a ação educativa favorece fortemente essa construção.
 

Para cumprir esse objetivo, vale sempre favorecer uma atitude inquiridora, com a utilização, por exemplo, de situações-problema
 (leia a última página). "Em qualquer idade, a criança precisa ser provocada", afirma Cilene. Para ela, um dos grandes desafios do professor é gerar interesse pelo que deve ser ensinado. "Não existe uma criança que não tenha vontade de aprender. O problema é que muitas vezes as condições ofertadas nas aulas não são favoráveis."


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José Paz Rodrigues (*) - O psicopedagogo suíço Jean Piaget (1896-1980) é valorizado como um dos mais originais e fecundos psicólogos do século XX, embora ele se considerasse antes de nada como um epistemólogo. Na sua dilatada e completíssima obra trata de averiguar como se constrói o conhecimento e de explicar o desenvolvimento da inteligência humana.
A sua conceção construtivista fundamenta-se na interação entre as ideias prévias das pessoas e a sua atividade transformadora do meio, através do desenvolvimento da atividade infantil e da formação de um juízo autónomo. As suas teorias tiveram um grande impacto na educação escolar contemporânea e os seus livros foram amplamente difundidos por todo o mundo. Só na nossa língua foram publicados da sua autoria, e alguns em colaboração com outros autores, uns 55 manuais e monografias, todos muito interessantes, por ser também produto na sua totalidade das suas pesquisas e investigações de tipo experimental. Todos consideramos o trabalho de Piaget como pioneiro no campo da inteligência das crianças. Passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e estudando o seu processo de raciocínio. Os seus estudos, tal como antes comentei, tiveram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e da Pedagogia.
Piaget dedicou-se por completo ao estudo dos conhecimentos científicos. Durante toda a sua longa vida tentou indagar como se produzem novos conhecimentos e, ao mesmo tempo, explicar o desenvolvimento da inteligência humana. Embora escrevesse algumas obras relacionadas diretamente com a pedagogia, e tivesse uma participação muito ativa em organizações relacionadas com a educação, sendo diretor durante muitos anos do Bureau Internacional de Educação (IBE) em Genebra, ou na UNESCO, as suas contribuições mais importantes à educação estão relacionadas sobretudo com o seu trabalho como investigador da mente humana. É inegável que as suas contribuições teóricas têm, e podem ter, uma incidência enorme na tarefa educativa e na didática das aulas, pelo que se torna adequado inclui-lo entre os autores que realizaram contributos significativos à educação. Ao igual que Rousseau, Montessori, Decroly, Claparède e Dewey, que não eram pedagogos em sentido estrito. O que Piaget pretende na escola é contribuir para o desenvolvimento dos indivíduos, socializá-los de forma metódica, facilitar-lhes que adquiram conhecimentos e valores, que desenvolvam a sua inteligência e que cheguem a converter-se em adultos autónomos. De todos estes assuntos se ocupou Piaget nas suas pesquisas experimentais.
Definitivamente, o que nos oferece o psicopedagogo genebrino é uma visão do ser humano como um organismo que, ao agir sobre o meio e modificá-lo, modifica-se também a si próprio. Piaget considera o desenvolvimento da inteligência e a formação dos conhecimentos, processos que entende como indissociáveis, como um produto que se inicia na atividade biológica dos seres humanos e na sua capacidade de adaptação ao meio. A construção da inteligência para ele é um processo que segue as mesmas leis de funcionamento que permitem aos seres vivos manter-se em equilíbrio com o seu meio e sobreviver. Considera, pois, que o conhecimento se origina na ação transformadora da realidade, seja material ou mentalmente. As suas teorias, resultado de múltiplas pesquisas e experiências, contradizem as posições tradicionais sobre este tema mantidas ao longo da história, como o empirismo e o inatismo. A teoria piagetiana surge num determinado momento muito importante para as reformas educativas. No momento em que se estão a dar grandes mudanças no campo da educação, que se vinham gerando desde finais do século XIX. Com uma rejeição do modelo da escola tradicional, centrada na transmissão puramente verbal e que proporciona uns conhecimentos de escassa utilidade aos alunos. Frente a isto nasce um movimento pedagógico que apostava por um ensino mais ativo, que partisse dos interesses dos alunos e que servisse para a vida. Muitas correntes de diferentes países vêm a confluir sobre os mesmos interesses e fundamentos. Embora com algumas diferenças e divergências, existe uma coincidência fundamental numa série de pontos entre autores e educadores muito distintos. Em todos deixava-se sentir profundamente a necessidade de uma escola que preparasse para a vida e mais integrada com a realidade.
Tratava-se sobretudo de ideias que se originavam na prática, mas que tinham um escasso fundamento teórico. Por isto, precisamente, a teoria de Piaget, que se desenvolve na cidade de Genebra, um dos mais importantes centros da pedagogia ativa, vem proporcionar esse fundamento teórico necessário, ao explicar como se formam os conhecimentos e o significado psicológico de muitas das práticas que estava propondo a escola ativa. E como aquela formação dos mesmos é diferente nas etapas pelas que vai passando a criança até chegar a adulto. Etapas que Piaget denominava estágios, que muito bem estudou e experimentou, que tanta importância têm para ter em conta nas aulas segundo as idades dos alunos, desenvolvendo a adequada didática em cada momento evolutivo da escolaridade.
Com roteiro e apresentação de Yves de La Taille, Atta Mídia e Educação do Brasil, realizou um interessante filme-documentário em 2006, dedicado a Jean Piaget, objeto do presente comentário num novo artigo da série dedicada aos grandes educadores do mundo.

Piaget, um grande psicopedagogo:
Jean William Fritz Piaget nasceu em Neuchâtel a 9 de agosto de 1896 e faleceu em Genebra a16 de setembro de 1980. Foi um epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Defendeu uma abordagem interdisciplinar para a investigação epistemológica e fundou a Epistemologia Genética, teoria do conhecimento com base no estudo da génese psicológica do pensamento humano. Estudou inicialmente biologia na Universidade de Neuchâtel onde concluiu o seu doutorado, e posteriormente se dedicou à área de Psicologia, Epistemologia e Educação. Foi professor de psicologia na Universidade de Genebra de 1929 a 1954, e tornou-se mundialmente reconhecido pela sua revolução epistemológica. Durante sua vida Piaget escreveu mais de cinquenta livros e diversas centenas de artigos.
Em 1919, viaja para Paris e começa a trabalhar no Instituto Jean-Jacques Rousseau, quando publica os primeiros artigos sobre a criança. O nascimento dos seus filhos (1925-1931) amplia o convívio diário com a "criança pequena" e possibilita o registo de observações que geram novas hipóteses sobre as origens da cognição humana. Durante a sua estadia em Paris, Piaget conhece Théodore Simon, que o convida a padronizar os "testes de raciocínio de Cyril Burt, desenvolvidos nos Estados Unidos, experiência que lhe permitiu delimitar um campo de estudos empíricos: o pensamento infantil e o raciocínio lógico. Como resultado desse trabalho, Piaget é convidado para o cargo de coordenador de pesquisas do Instituto, função que inclui a "Maison des Petits" (Casa das crianças).
Na filosofia de Bergson busca um caminho possível para o conhecimento científico e a análise crítica da origem do conhecimento e descobre a epistemologia. Num contexto de guerra (1915), Piaget conclui os estudos secundários, ingressa na Faculdade de Ciências da Universidade de Neuchâtel e publica A Missão da Ideia.Filia-se à Federação Socialista Cristã, em 1917. Em 1918, obtém o bacharelado em ciências naturais para, em seguida, finalizar a sua tese: Introdução à Malacologia da Região do Valais.
As suas primeiras pesquisas em psicologia, como coordenador do Instituto Jean-Jacques Rousseau, resultam num ciclo de cinco publicações: A linguagem e o pensamento na criança (1923); O raciocínio da criança (1924); A representação do mundo na criança (1926); A causalidade física na criança (1927) e O julgamento moral na criança (1931). Esta fase, sobretudo por apresentar a criança como sujeito da razão, "ainda que de uma razão própria", desperta interesse de estudiosos e Piaget é convidado para expor as suas ideias em universidades europeias e norte-americanas. Logo a seguir, Piaget participa de um Congresso Internacional de Psicanálise, em Berlim, com um trabalho sobre "o pensamento simbólico infantil". Com o livro A linguagem e o pensamento na criança Piaget apresenta um quadro do processo de aprendizado infantil. Qualificada como uma “coletânea de estudos preliminares”, tornou-se o início de uma obra influente sobre o desenvolvimento humano.
Além das suas pesquisas, Piaget mantém atividades como professor e assume as cadeiras de "Filosofia da Ciência, de Psicologia e de Sociologia" na Universidade de Neuchâtel. Em 1929, assume também a cadeira de "História do Pensamento Científico", e continua ensinando "Psicologia da Criança" no Instituto Jean-Jacques Rousseau. É também nesse ano que Piaget assume a direção do Bureau International de L'Education, vinculado à Unesco. A década de 1920 é representativa, também, na vida pessoal de Piaget. Em 1924, casa-se com Valentine Châtenay, com quem tem três filhos: Jacqueline (1925), Lucienne (1927) e Laurent (1931). São significativas as suas seguintes frases: "O principal objetivo da educação é criar indivíduos capazes de fazer cousas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram".
"As estruturas operatórias da inteligência não são inatas" e "O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas".
Entre as obras de Piaget publicadas na nossa língua, de interesse para mestres e mestras, quero destacar as seguintes: A Linguagem e o Pensamento na Criança (1923). O Juízo e o Raciocínio na Criança (1924). A representação do mundo na criança (1926). A causalidade física na criança (1927). O julgamento moral na criança (1931). O desenvolvimento das quantidades físicas (1941). A gênese do número (1941). A noção de tempo na criança (1946). A geometria espontânea na criança (1948). A representação do espaço na criança (1948). A gênese das estruturas lógicas elementares (1959). Da lógica da criança à lógica do adolescente (1955).

O modelo construtivista piagetiano:
O Construtivismo parte da crença de que o saber não é algo que está concluído, terminado, e sim um processo em incessante construção e criação. Assim, o conhecimento é um edifício erguido por meio da ação, da elaboração e da geração de um aprendizado que é produto da conexão do ser com o contexto material e social em que vive, com os símbolos produzidos pelo indivíduo e o universo das interações vivenciadas na sociedade. Esta construção é realizada através da ação e não por dons concedidos anteriormente ao sujeito, presentes na constituição dos genes ou no ambiente em que ele cresceu. Assim, este método pressupõe que é a partir da atitude que se instituem a mente e a consciência, assim como os nossos pensamentos. O método construtivista fundamenta-se na escrita, pois acredita que o aluno tem condições de se alfabetizar sem a ajuda de cartilhas e mecanismos que o induzem a decorar, repetir mecanicamente, declamar, transmitir e aprender o que já está acabado. Parte-se da ideia de que a criança, antes mesmo de ser alfabetizada no ambiente escolar, já descobriu como funciona o processo de aprendizado do alfabeto, como, por exemplo, ler do lado esquerdo para o direito. A corrente em questão pressupõe, assim, que se o aprendiz estiver mergulhado em um meio que lhe proporcione e lhe motive a aquisição da alfabetização, ele poderá realizar este intento por si mesmo. Conclui-se daí que o estudante pode construir o seu conhecimento, atuando, executando, gestando, edificando este saber a partir do ambiente social em que vive e da relação com os professores.
O construtivismo educacional é fruto da união das correntes pedagógicas mais recentes, uma versão estendida destes métodos, sendo Piaget, com as suas pesquisas, o iniciador do modelo. Eles compartilham entre si o descontentamento com uma esfera educacional que insiste em preservar o viés ideológico que permeia as escolas tradicionais, as quais continuam recorrendo aos instrumentos do aprendizado mecanizado, que obriga os alunos a decorarem e repetirem como autómatas o conhecimento que lhes é transmitido. A educação, neste modelo, é tecida em conjunto por alunos e professores, frente aos exercícios da leitura e da escrita, exaustivamente praticados nas aulas. Assim, mestres e aprendizes atuam juntos na construção do conhecimento, assessorados pela incidência da problemática social mais atual e pelo arsenal de saberes já edificados, património intransferível do ser humano. A metodologia construtivista conduz, assim, a uma nova visão de mundo, seja ele o Cosmos ou o universo das interações sociais. Piaget foi, sem dúvida, um dos teóricos mais significativos deste modelo, acreditava no potencial da criança, no que ela traz em si enquanto herança da sua própria ação e do seu comportamento, o poder nela interiorizado de absorver as informações obtidas do mundo exterior e acomodá-las, isto é, alterar a sua forma, para que assim ela possa entender a realidade na qual está inserida. Basicamente, o saber é sempre produzido pelo ato de construção, o qual deve sempre ser estimulado no aluno.

Adaptar a didática aos estágios piagetianos:
Através da minuciosa observação dos seus filhos e principalmente de outras crianças, Piaget impulsionou a sua Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: o estágio sensório-motor, pré-operacional ou pré-operatório (simbólico e intuitivo), operatório concreto e operatório formal. Piaget influenciou a educação de maneira profunda. Para ele as crianças só podiam aprender o que estavam preparadas a assimilar. Aos professores, cabia aperfeiçoar o processo de descoberta dos alunos. Seguindo a Piaget há que adaptar a Didática e os métodos de ensino nas aulas às diferentes peculiaridades dos estágios antes citados. Tendo sempre presente, tal como sinala na sua obra
O Nascimento da Inteligência na Criança, que "as relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado diferenciado; e é desse estado que derivam dous movimentos complementares, um de incorporação das cousas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias cousas" .
Neste pequeno parágrafo Piaget define três conceitos fundamentais para a sua teoria: interação, assimilação e acomodação, três fases sucessivas pelas que o sujeito passa ao adquirir novos conhecimentos.
O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período intrauterino e vai até aos 15 ou 16 anos. Piaget diz que a embriologia humana evolui também após o nascimento, criando estruturas cada vez mais complexas. A construção da inteligência dá-se portanto em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras. A isto Piaget chamou de “construtivismo sequencial”.
A seguir os períodos ou estágios em que se dá este desenvolvimento motor, verbal e mental:
A. Período ou Estágio Sensório-Motor: Do nascimento aos 2 anos, aproximadamente.
A ausência da função semiótica é a principal caraterística deste período. A inteligência trabalha através das perceções (simbólico) e das ações (motor) através dos deslocamentos do próprio corpo. É uma inteligência iminentemente prática. A sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra-frase ("água" para dizer que quer beber água) já que não representa mentalmente o objeto e as ações. A sua conduta social, neste período, é de isolamento e indiferenciação (o mundo é ele).
B. Período ou Estágio Pré-Operatório: a) Subperíodo Simbólico: Dos 2 anos aos 4 anos, aproximadamente. Nesta primeira etapa surge a função semiótica que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, etc.. Podendo criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o momento da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens mentais pode transformar o objeto numa satisfação do seu prazer (uma caixa de fósforo em carrinho, por exemplo). É também o momento em que o indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos ("o carro do papai foi 'dormir' na garagem"). A linguagem está a nível de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. Duas crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro está dizendo. A sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do coletivo. Não há liderança e os pares são constantemente trocados.
Existem outras características do pensamento simbólico que não estão sendo mencionadas aqui, uma vez que a proposta é de sintetizar as ideias de Jean Piaget, como por exemplo o nominalismo (dar nomes às cousas das quais não sabe o nome ainda), superdeterminação (“teimosia”), egocentrismo (tudo é “meu”), etc.
b) Subperíodo Intuitivo: Dos 4 anos aos 7 anos, aproximadamente.
Nesta segunda etapa já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É a “idade dos porquês”, pois o indivíduo pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. O seu pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e conjuntos sem no entanto incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto de flores, por exemplo). Quanto à linguagem não mantém uma conversação longa mas já é capaz de adaptar a sua resposta às palavras do companheiro.
C.- Período ou Estágio Operatório Concreto: Dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente.
É o período em que o indivíduo consolida as conservações de número, substância, volume e peso. Já é capaz de ordenar elementos pelo seu tamanho (grandeza), incluindo conjuntos, organizando então o mundo de forma lógica ou operatória. A sua organização social é a de bando, podendo participar de grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia. Já podem compreender regras, sendo fiéis a ela, e estabelecer compromissos. A conversação torna-se possível (já é uma linguagem socializada), sem que no entanto possam discutir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma conclusão comum.
D.- Período ou Estágio Operatório Abstrato: Dos 11 anos em diante.
É o ápice do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. É quando o indivíduo está apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto em proveito de interesses orientados para o futuro. É, finalmente, a “abertura para todos os possíveis”. A partir desta estrutura de pensamento é possível a dialética, que permite que a linguagem se dê a nível de discussão para se chegar a uma conclusão. A sua organização grupal pode estabelecer relações de cooperação e reciprocidade.
A importância de se definir os períodos ou estágios de desenvolvimento da inteligência reside no facto de que, em cada um, o indivíduo adquire novos conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de compreensão e interpretação da realidade. A compreensão deste processo é fundamental para que os professores possam também compreender com quem estão trabalhando. A obra de Jean Piaget não oferece aos educadores uma didática específica sobre como desenvolver a inteligência do aluno ou da criança. Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta caraterísticas e possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições. O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo.
Temas para refletir e realizar:
Depois de ver o documentário, organizar um debate-papo ou tertúlia, sobre os diferentes aspetos que sobre a figura de Jean Piaget aparecem no mesmo. Refletir sobre o seu pensamento psicoeducativo e comentar, dando alternativas concretas, sobre como se poderia pôr em prática hoje nas nossas escolas a didática prática e a pedagogia construtivista. Poderia pesquisar-se também na Internet sobre as experiências realizadas por Piaget em Genebra, assim como sobre as suas interessantes e numerosas publicações.
Elaborar uma monografia, procurando informações em livros e na Internet, sobre o Construtivismo educativo, incluindo na mesma as experiências práticas de escolas que funcionaram e funcionam seguindo o mesmo, especialmente dentro do grande movimento pedagógico mundial que foi a Escola Nova, e nas escolas atuais. Com fotos, textos, cartazes, retalhos de imprensa e materiais elaborados, poderia organizar-se nas escolas uma magna exposição sobre este modelo pedagógico, tão importante para a educação contemporânea.
Escolher entre as obras básicas, e de maior aplicação à Didática nas aulas, escritas por Piaget, e citadas antes, uma para lê-la entre todos, e depois de lida, organizar um “Livro-fórum” para comentá-la e debater sobre as palavras, ideias educativas e propostas práticas que o psicopedagogo genebrino faz na mesma.



Piaget

AS TEORIAS DE PIAGET PARA EDUCAÇÃO.

pressupostos, a educação deve possibilitar à criança um desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório- motor até o operatório abstrato.
A escola deve partir ( ver: Piaget na Escola de Educação Infantil) dos esquemas de assimilação da criança, propondo atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento.
Para construir esse conhecimento, as concepções infantis combinam-se às informações advindas do meio, na medida em que o conhecimento não é concebido apenas como sendo descoberto espontaneamente pela criança, nem transmitido de forma mecânica pelo meio exterior ou pelos adultos, mas, como resultado de uma interação, na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que procura ativamente compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as interrogações que esse mundo provoca.
É aquele que aprende basicamente através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo. Não é um sujeito que espera que alguém que possui um conhecimento o transmita a ele por um ato de bondade.
Vamos esclarecer um pouco mais para você: quando se fala em sujeito ativo, não estamos falando de alguém que faz muitas coisas, nem ao menos de alguém que tem uma atividade observável. 
O sujeito ativo de que falamos é aquele que compara, exclui, ordena, categoriza, classifica, reformula, comprova, formula hipóteses, etc... em uma ação interiorizada (pensamento) ou em ação efetiva (segundo seu grau de desenvolvimento). Alguém que esteja realizando algo materialmente, porém seguindo um modelo dado por outro, para ser copiado, não é habitualmente um sujeito intelectualmente ativo.

Principais objetivos da educação: formação de homens "criativos, inventivos e descobridores", de pessoas críticas e ativas, e na busca constante da construção da autonomia.

Devemos lembrar que Piaget não propõe um método de ensino, mas, ao contrário, elabora uma teoria do conhecimento e desenvolve muitas investigações cujos resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos. 
Desse modo, suas pesquisas recebem diversas interpretações que se concretizam em propostas didáticas também diversas.

Implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem
Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir das atividades do aluno. 

Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural. 

primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno ao invés de receber passivamente através do professor. 

A aprendizagem é um processo construído internamente. 

A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito. 

A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva. 

Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem. 

A interação social favorece a aprendizagem. 

As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento. 

Piaget não aponta respostas sobre o que e como ensinar, mas permite compreender como a criança e o adolescente aprendem, fornecendo um referencial para a identificação das possibilidades e limitações de crianças e adolescentes. Desta maneira, oferece ao professor uma atitude de respeito às condições intelectuais do aluno e um modo de interpretar suas condutas verbais e não verbais para poder trabalhar melhor com elas.